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Recentemente, um estudo publicado no periódico Trials trouxe novas perspectivas sobre o tratamento da fibromialgia. O artigo, intitulado ‘Cannabis-Opioid Interaction in the Treatment of Fibromyalgia Pain’, examina os benefícios do uso de cannabis farmacêutica de alta qualidade, especialmente a variedade Bediol®, que combina THC (Δ9-tetrahidrocanabinol) e CBD (canabidiol). O estudo demonstrou uma redução significativa da dor em pacientes com fibromialgia, superior às variedades de cannabis que contêm apenas THC ou apenas CBD.
O principal objetivo do estudo foi avaliar o número de efeitos colaterais observados durante o tratamento, utilizando um escore composto por efeitos adversos. Esse escore incluiu sintomas como tontura, sonolência, insônia, dor de cabeça, náuseas, vômitos, constipação, sensação de ‘barato’ da droga, alucinações e paranoia. Além disso, a percepção da dor foi uma das principais métricas avaliadas, sendo monitorada diariamente através de um diário de dor.
‘Após substituir o CBD isolado pelo CBD full spectrum, me senti muito melhor’, relatou uma paciente, que anteriormente controlava parcialmente os sintomas com CBD isolado. Esse feedback reforça a hipótese de que o extrato full spectrum da planta de cannabis, que inclui uma gama completa de canabinoides, terpenos e outros compostos, pode oferecer um efeito terapêutico potencializado em comparação a medicamentos que contêm apenas CBD ou THC isolados.
Este estudo representa um avanço significativo na compreensão da fibromialgia e na busca por tratamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais. No entanto, ressalto que cada paciente é único e as respostas ao tratamento podem variar. Portanto, uma abordagem individualizada e uma discussão aberta com profissionais de saúde sobre as opções de tratamento são fundamentais.
No Brasil, o avanço no tratamento com cannabis medicinal deve-se, em grande parte, às resoluções recentes da ANVISA. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 327, de 9 de dezembro de 2019, estabelece critérios para a comercialização, prescrição e monitoramento de produtos de cannabis para fins medicinais. Adicionalmente, a RDC nº 335, de 7 de abril de 2020, facilitou a importação de produtos à base de cannabis por pacientes com prescrição médica. Essas regulamentações são fundamentais para garantir o acesso controlado e seguro a tratamentos inovadores, incluindo para condições como a fibromialgia.
É crucial, no entanto, que o uso de cannabis medicinal no Brasil seja acompanhado por um médico. A prescrição e o acompanhamento por um profissional qualificado são essenciais para assegurar a eficácia e a segurança do tratamento. Além disso, o profissional de saúde será responsável por monitorar os efeitos terapêuticos e manejar quaisquer efeitos adversos que possam surgir. Assim, pacientes interessados em terapias à base de cannabis devem buscar orientação médica especializada, garantindo um tratamento responsável e alinhado às regulamentações vigentes da ANVISA.
Para mais informações sobre o estudo, acesse o artigo completo no periódico Trials, DOI: 10.1186/s13063-023-07078-6.
Até a próxima,
Dr. Mateus Soares.